Convidamos o Preto Zezé, presidente da CUFA (Central Única das Favelas) para falar sobre combate ao racismo e ativismo social no Brasil como formas de enfrentamento da desigualdade e sobre a experiência da CUFA.
O evento virtual, organizado em 28/11/2020, faz parte da nossa série de encontros virtuais mediados pelo jornalista Eugênio Bucci. Assista o vídeo (parte 1 e parte 2) no nosso canal youtube.
Preto Zezé é um ativista de grande capacidade e liderança. “Zezé é um construtor de pontes” como muitos o definem. Atualmente, Preto Zezé é um dos representantes da CUFA Global – (Central Única das Favelas), uma articulação internacional que liga dezessete países com sede das Nações Unidas – ONU. Preto Zezé, 44 anos, nasceu em Fortaleza, entre as ruas de terra da favela das Quadras e o asfalto da Aldeota. Filho de pais retirantes do interior, mãe doméstica e pai pintor da construção civil, é o mais velho de uma família de cinco irmãos. Seu primeiro projeto de empreendedor foi ser lavador de carros nas ruas da cidade; formou-se na cultura dos bailes funks e da pichação. Em 90 iniciou seu ativismo social na cultura Hip Hop, em particular na música rap. Criou o Movimento Cultura de Rua, como uma rede de jovens das favelas que atuavam pelos direitos civis nas favelas, através de ações culturais e sociais. Produtor artístico e musical, lançou sete discos, sendo um deles premiado como revelação Norte e Nordeste no maior prêmio de Hip Hop do país, o Prêmio Hutuz. Idealizou o Programa Se Liga, na TV Verdes Mares: O som do Hip Hop em parceria com a Universidade Federal do Ceará – UFC. Como produtor cultural, realiza diversas ações e projetos culturais como forma de construir uma agenda positiva nas favelas. Preto Zezé é autor dos livros “Selva de Pedra: A Fortaleza Noiada”, uma pesquisa oriunda do Documentário Falcão – Meninos do Tráfico, de Celso Athayde e MV Bill, onde é relatado o circuito do crack e os seus danos sociais e “Das Quadras Para o Mundo”, mais recente.
Trechos do novo livro do Preto Zezé: “Ser ignorado é a pior coisa do mundo; impor a invisibilidade para alguém é violência pura, e essa violência é daquelas que quase sempre não conseguimos nos defender, porque, diferente da violência física, a gente não vê concretamente e logo não consegue criar mecanismos de proteção. É como escrever sem borracha ou nunca ter comido de garfo e faca e chegar num restaurante cheio de requintes de elegância, onde você tem que seguir um enredo que nunca foi ensinado. Esse é o rascunho espinhoso do mundo do homem branco do asfalto.”
“A invisibilidade é um local não existente fisicamente. Ela é um sistema de diminuição e dominação que controla as emoções, inibe sua ousadia e te faz menor que todos. Como você não se sente capaz, é impossível de você ter uma atitude proativa. Te imobiliza e aí, fisicamente, você some.”
“Minha luta diária é poder inspirar você para fazer a sua caminhada, para ter estímulo no seu objetivo e construir uma vida melhor para você e para os seus.”
“Não deixe a vergonha, a soberba e arrogância te consumirem. Por outro lado, seja ousado ao comemorar suas conquistas e se não puder ser o bom o tempo inteiro, procure sempre ser justo. As palavras provocam boas emoções, mas os exemplos arrastam e mudam o mundo.” “Não permitam que ideias negativas te ganhem, nem que façam do seu sofrimento justificativa, da sua tragédia palanque e da revolta munição; você é melhor que isso e pode mais.”